No passado dia 28 fui à Serra d’Arga com o intuito de (finalmente) encontrar as Minas. Por diversas vezes, sem sucesso, tentara chegar a esta zona. Aparece nos mapas dos percursos pedestres mas nenhum deles a cruza. Desta vez decidi orientar-me mais pelo sentido de orientação e, sabendo (mais ou menos) a zona em que se encontram, achei que não seria muito complicado ir até lá. Há uns meses atrás, quando fiz o trilho do Cabeço do Meio Dia, passei lá perto enquanto andava perdido. A última parte do percurso foi feita com alguma pressa pois o sol já estava a desaparecer por trás da montanha e não era boa ideia andar no meio do monte, sem conhecer nada, sem luz, à procura do caminho de volta. Voltei à mesma zona. Sabia que as Minas situavam-se algures a Nordeste do Moinho de Baixo.
O meu interesse nas Minas prende-se com a sua história. Na Serra d’Arga, depois da forte desflorestação provocada por uma actividade intensa de pastoreio e exportação de madeira para a construção de naus, foram implementadas medidas de controlo destas alterações. Em 1940, o Estado Novo implementa o Plano de Povoamento Florestal retirando a gestão dos terrenos baldios à população local e penalizando a actividade pastoril. Perante isto, as populações abandonam a Serra e os que ficaram (entre a década de 40 e 70) trabalhavam para os serviços florestais e para as industrias mineiras de exploração de Volfrâmio. Volfrâmio este que, segundo a população local, era vendido em Caminha. Posteriormente, este Volfrâmio seria utilizado para o fabrico de armamento para a II Guerra Mundial e depois para a Guerra Colonial.
Cheguei a Arga de Baixo e fui imediatamente até à Ponte do Carro Novo. De lá teria que encontrar o caminho até ao Moinho de Baixo. Foi simples… Depois observei atentamente a zona montanhosa a Nordeste à procura de indícios da presença das minas. Nada. Teria que me aproximar mais e, para isso, teria que passar para o outro lado da margem do Ribeiro de Arga. Voltei para trás até à Ponte de Carro Novo, atravessei para o outro lado e comecei a caminhar, junto ao ribeiro, até à zona do Moinho de Baixo (agora do outro lado do ribeiro).
Encontrei uma grande lagoa. De todas as que já vi nos percursos pela Serra, esta é a primeira suficientemente ampla para tomar um bom banho. Eram cerca de 12h30 e claro que nem sequer meti lá a mão porque nem tinha coragem de tirar as luvas… Queria encontrar as Minas e sabia que estariam algures a Nordeste do sítio onde me encontrava. Comecei a subir uma pequena colina nessa direcção procurando trilhos que me guiassem. Ao longo do caminho não encontrei nenhum indício da presença das minas. Parei, consultei melhor o mapa, e encontrava-me no sítio delas, precisamente entre o Moinho de Baixo à minha esquerda, o Cabeço do Meio Dia, ao longe, à minha direita, o abrigo de montanha do Clube Celtas do Minho à minha frente e Arga de Baixo atrás. Nada de Minas, apenas a paisagem comum da Serra d’Arga. Pode ter sido impressão minha, mas apenas reparei que o granito era ligeiramente diferente do que se encontra em muitas outras zonas da Serra. Aqui parecia que o granito era mais rico em minerais ferro-magnesianos… a sua coloração era mais escura e encontrei poucos vestígios de quartz em meu redor. Sentei-me numa grande pedra a apreciar a paisagem e a fazer um registo da vista para o Cabeço do Meio Dia.
Depois retomei o percurso pedestre do Cabeço do Meio Dia a partir da zona onde tinha andado perdido rumo ao Lugar da Gândara. Pelo caminho percebi o erro e retomei o percurso passando agora pela Ponte e o Moinho das Traves. Quando cheguei a Gândara parei para fazer um registo. Um pastor aproximava-se com o rebanho. Ele passou, mas as ovelhas ficaram todas atrás de mim a cerca de um metro. Disse-lhe: “É por eu estar aqui?” ao que ele respondeu: “Vêem gente estranha, já se sabe né?”, enquanto falava com elas mandando-as seguir em frente. Depois de passar a primeira, as outras foram todas atrás e eu apenas tive tempo para registar algumas enquanto subiam pela estrada.
Pouco tempo depois um outro pastor aparece com o rebanho descendo a rua. Ficou ali à minha beira enquanto as ovelhas pastavam junto ao ribeiro. Este foi o último desenho do dia…
Eram cerca de 16h00.
Serra d’Arga, Portugal, 28.01.2012
I really love this sketch.
I like the tones and also the sense of wilderness.
Muito bem contado, e os desenhos magnificos como sempre!!!
Obrigado Pedro!
this is really wonderful and lovely. I agree with ovson – perfect wilderness.
fabulous composition.
amazing – such a fabulous atmosphere.
Thank you Monique and arttoday.
Thanks arttoday.
Thank you Alistair and arttoday.
NICE blues!
nice! like the composition and simplicity..
Wonderful!
Thank you Debo, the blue is Ecoline!
Thank you sapkale and Donna.
Se procurou algumas da Minas de Serra de Arga na zona que descreve, esteve mesmo em cima delas (literalmente!). O abrigo de montanha é uma “reciclagem” de uma das instalações da mina, existindo outras em volta, nomeadamente o posto de tranformação eletrico. Mais acima do abrigo está a Mina da Cerdeirinha, perto da estrada que liga Arga a Covas. Acerca de 500 metros desta existem as Minas da Lapa Grande. Mais adiante no Cabeço do Meio Dia também é suposto existirem minas (ainda não as localizei).
Cumprimentos
Muito obrigado pelas indicações António. Vou ficar com estes apontamentos para mais tarde deslocar-me aos locais que indicou. Cumprimentos.
What a great drawing! Love it!
Thank you Kathrin!
master of unfinished spaces, that give all the strength to the subject. Great one !
Thank you dayisaday…
muito bom !!!
Obrigado Domingos!