A landscape in Serra D’Arga. Drawing made from a very special place…
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Serra de Arga
Serra De Arga (Caminha, Portugal) has really nice little corners. This one is near Mosteiro São João de Arga. A small stream of water passes on the west side of the Monastery, close to a stair way that goes to the main road. I had lunch, I catched some sun and did this drawing.
In the drawing you can read: “While I draw, I’m sleeping. I disconnect from the reality around me. Is it good? I don’t know… Sometimes I feel I miss somethings because I’m drawing. On the other and, I stop talking to myself.”
To draw is a kind of meditation. It relaxes the body and calms the mind. I think this happens because the practice of drawing, like many others, pushes you into this. There is no other way. You have to put your attention on the subject and do it. But there is a catch… It feels that, although your senses are more awake and sharp, you just can focus on one things at a time. That means the surroundings just fade away very easily and fast. Are we being taken, through drawing, to other states of consciousness? I think yes…
Serra de Arga
Serra de Arga
Workshop
No próximo dia 16 de Novembro, domingo, estarei na Serra de Arga para dar um workshop de desenho em diário gráfico. O evento é promovido pelo “Acampamento Senhora d’Arga” e poderão ver aqui a página do facebook associada ao mesmo.
Para mais informações contactar Maria Luísa Manso (maria.l.manso@facebook.com).
Serra d’Arga
Serra d’Arga
No passado dia 28 fui à Serra d’Arga com o intuito de (finalmente) encontrar as Minas. Por diversas vezes, sem sucesso, tentara chegar a esta zona. Aparece nos mapas dos percursos pedestres mas nenhum deles a cruza. Desta vez decidi orientar-me mais pelo sentido de orientação e, sabendo (mais ou menos) a zona em que se encontram, achei que não seria muito complicado ir até lá. Há uns meses atrás, quando fiz o trilho do Cabeço do Meio Dia, passei lá perto enquanto andava perdido. A última parte do percurso foi feita com alguma pressa pois o sol já estava a desaparecer por trás da montanha e não era boa ideia andar no meio do monte, sem conhecer nada, sem luz, à procura do caminho de volta. Voltei à mesma zona. Sabia que as Minas situavam-se algures a Nordeste do Moinho de Baixo.
O meu interesse nas Minas prende-se com a sua história. Na Serra d’Arga, depois da forte desflorestação provocada por uma actividade intensa de pastoreio e exportação de madeira para a construção de naus, foram implementadas medidas de controlo destas alterações. Em 1940, o Estado Novo implementa o Plano de Povoamento Florestal retirando a gestão dos terrenos baldios à população local e penalizando a actividade pastoril. Perante isto, as populações abandonam a Serra e os que ficaram (entre a década de 40 e 70) trabalhavam para os serviços florestais e para as industrias mineiras de exploração de Volfrâmio. Volfrâmio este que, segundo a população local, era vendido em Caminha. Posteriormente, este Volfrâmio seria utilizado para o fabrico de armamento para a II Guerra Mundial e depois para a Guerra Colonial.
Cheguei a Arga de Baixo e fui imediatamente até à Ponte do Carro Novo. De lá teria que encontrar o caminho até ao Moinho de Baixo. Foi simples… Depois observei atentamente a zona montanhosa a Nordeste à procura de indícios da presença das minas. Nada. Teria que me aproximar mais e, para isso, teria que passar para o outro lado da margem do Ribeiro de Arga. Voltei para trás até à Ponte de Carro Novo, atravessei para o outro lado e comecei a caminhar, junto ao ribeiro, até à zona do Moinho de Baixo (agora do outro lado do ribeiro).
Encontrei uma grande lagoa. De todas as que já vi nos percursos pela Serra, esta é a primeira suficientemente ampla para tomar um bom banho. Eram cerca de 12h30 e claro que nem sequer meti lá a mão porque nem tinha coragem de tirar as luvas… Queria encontrar as Minas e sabia que estariam algures a Nordeste do sítio onde me encontrava. Comecei a subir uma pequena colina nessa direcção procurando trilhos que me guiassem. Ao longo do caminho não encontrei nenhum indício da presença das minas. Parei, consultei melhor o mapa, e encontrava-me no sítio delas, precisamente entre o Moinho de Baixo à minha esquerda, o Cabeço do Meio Dia, ao longe, à minha direita, o abrigo de montanha do Clube Celtas do Minho à minha frente e Arga de Baixo atrás. Nada de Minas, apenas a paisagem comum da Serra d’Arga. Pode ter sido impressão minha, mas apenas reparei que o granito era ligeiramente diferente do que se encontra em muitas outras zonas da Serra. Aqui parecia que o granito era mais rico em minerais ferro-magnesianos… a sua coloração era mais escura e encontrei poucos vestígios de quartz em meu redor. Sentei-me numa grande pedra a apreciar a paisagem e a fazer um registo da vista para o Cabeço do Meio Dia.
Depois retomei o percurso pedestre do Cabeço do Meio Dia a partir da zona onde tinha andado perdido rumo ao Lugar da Gândara. Pelo caminho percebi o erro e retomei o percurso passando agora pela Ponte e o Moinho das Traves. Quando cheguei a Gândara parei para fazer um registo. Um pastor aproximava-se com o rebanho. Ele passou, mas as ovelhas ficaram todas atrás de mim a cerca de um metro. Disse-lhe: “É por eu estar aqui?” ao que ele respondeu: “Vêem gente estranha, já se sabe né?”, enquanto falava com elas mandando-as seguir em frente. Depois de passar a primeira, as outras foram todas atrás e eu apenas tive tempo para registar algumas enquanto subiam pela estrada.
Pouco tempo depois um outro pastor aparece com o rebanho descendo a rua. Ficou ali à minha beira enquanto as ovelhas pastavam junto ao ribeiro. Este foi o último desenho do dia…
Eram cerca de 16h00.
Serra d’Arga, Portugal, 28.01.2012
Serra d’Arga
Eram 11h30. Fiz uma visita ao mosteiro. Não estava lá ninguém. Abri o portão e entrei. Nunca tinha estado sozinho naquele espaço. Foi estranho porque sentia-me por um lado intimidado, talvez por causa de uma série de informações que tenho relativamente à Serra d’Arga, e por outro fascinado e, de certa forma, confortável. Peguei no caderno, sentei-me num degrau e comecei a desenhar a capela. Estava muito frio. Todo o espaço estava em sombra. A meio do desenho já tinha a minha mão esquerda, que segurava no caderno, congelada (não que a direita estivesse melhor). Pensei em pegar nas luvas que estavam na mochila… mas também pensava “Só mais um bocado e já está”. Mais um risco aqui, outro ali, passava o tempo a cor das minhas mãos.
Depois, ao perceber as pedras em volta da capela (murete), onde os peregrinos dão 3 voltas de joelhos à capela (para cumprir uma promessa) e de seguida dão 2 esmolas, uma ao santo e outra ao diabo (não vá ele ficar de mal com a pessoa), quis registar uma vista de topo e uma lateral onde se encontra a capela das esmolas, supostamente construída por cima de uma sepultura de um monge beniditino. Reza a lenda que qualquer animal que passasse por cima daquela sepultura, ficava endiabrado e partia as pernas…
De seguida fui a São João d’Arga. Queria conhecer melhor o “Lugar de Santo Aginha” (o ladrão que virou santo). Estacionei o carro. Uma senhora ia a passar e meteu conversa: “Está friiioo!”. Eu confirmei e acrescentei: “Mas isto mais logo é bem pior!!”. Ela sorriu e, com um aceno de cabeça, confirmou também. Tivemos uma pequena conversa e depois prosseguiu. Ia muito lentamente, apoiada com uma bengala na mão direita e o cajado na esquerda, para a sua bouça ver as ovelhas. Disse: “Enquanto a gente pode andar em quatro pernas……… não é?!”. Sempre a sorrir. Não é primeira vez que me cruzo com esta mulher na serra…
Segui para o Lugar do Santo Aginha. Um lugar para explorar com mais tempo… fiz um registo de três galinhas, que pareciam andar perdidas na rua, e um edifício muito antigo que parecia servir de celeiro.
Eram 15h30
Serra d’Arga, Portugal, 23.01.2012
Trilho da Chã da Franqueira
Estes são os restantes registos que foram efectuados ao longo do Trilho da Chã da Franqueira. Um pequeno apontamento no núcleo habitacional típico de Sobral, vários registos da Sra. Olívia e, já no final, um registo da Igreja de Arga de Baixo, de volta ao ponto inicial do percurso. Sinto sempre alguma tensão entre mim, a minha presença, e os Outros… Ou melhor, um misto de tensão e curiosidade que, normalmente, cria situações pouco confortáveis. Sinto, sem dúvida, que ali sou um elemento estranho, o exótico. Alguém que anda de um lado para o outro a riscar num caderninho… Não sou muito de me aproximar às pessoas. Prefiro o contrário. E vou reparando que algumas aproximam-se para me verem mais de perto, para me “lerem” melhor. Num destes momentos pouco confortáveis, enquanto fazia desenhos da Sra. Olívia, e porque sentia que era mais observado do que observador, decidi perguntar-lhe o nome e dizer-lhe que estava a fazer uns desenhos dela. Respondeu, “Chamo-me Olívia. Escusa de fazer porque não sou muito bonita… sou muito velhinha, meu senhor…”, sem sorrir e sem parar de caminhar enquanto passava por mim.
Serra d’Arga, Portugal, 05.01.2012
Trilho da Chã da Franqueira
Trilho da Chã da Franqueira, na Serra d’Arga. São 5km, 2.5Km até às Quedas d’Água das Penas. Comecei às 11h30 e fui enganado por estes 5km… Dos três percursos efectuados, este é o mais difícil. Não pela distância, mas pelos inúmeros obstáculos que se encontram pelo caminho. Poucos metro depois de ter iniciado deparei-me com um forte riacho que tinha que atravessar. Nesta altura do ano há muita água a descer pela montanha. Não tive outra hipótese a não ser fazer escalada por entre as pedras para conseguir atravessar para o outro lado. Regra: sempre três apoios no chão! 2 mãos e 1 pé, ou 2 pés e uma mão. Apesar de mais complicado e intenso, é tão interessante quanto os outros. Paisagens fantásticas, os núcleos típicos rurais, pastores e rebanhos de ovelhas, o som constante da água… Não se vê ninguém… muito pouca gente… (infelizmente) como seria de esperar num sítio destes. As Quedas d’Água das Penas são muito grandes e este trilho leva-nos até bem perto delas, no topo da montanha. Estes foram os três primeiros registos…
Serra d’Arga, Portugal, 05.01.2012